MANDAMENTOS DO LOJISTA
Se podes faz o negócio,
Sozinho, não queiras sócio,
Meias antigas ou modernas
São boas mas é pr'às pernas...
Freguês que queira fiado
Manda-o pr'a loja do lado.
Não fieis, que as mais das vezes,
Perdeis a massa e os fregueses.
Quando tenhas em casa algum "mono",
Trata logo de o pôr com dono...
Se quiseres caixeiro honrado,
Não lhe roubes o ordenado.
Vai vigiando o pessoal,
Que "isto" está mal, está mal...
Se tens género avariado,
Deita-o fora, ou és multado.
Hoje todo o que negoceia
Pode ir com os ossos à cadeia...
Todo o comércio hoje se queixa
Que o comércio é ruim e não deixa,
Mas ao marcar o preço é preciso
Contar também com o prejuízo.
Por ora não está explícito
O que é ou não lucro lícito.
Se ganhas menos que a despesa,
Vais-te abaixo mais a empresa.
Ganhar pouco e vender muito
Nem sempre quadra ao nosso intuito.
Deves então, podendo, é claro,
Comprar barato e vender caro.
E pr'a dormir com mais descanso,
Deita a miúdo o teu balanço,
E quando vires a vida torta,
Muda o rumo e fecha a porta.
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"O Democratico", 11 de Janeiro de 1935
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