domingo, 18 de agosto de 2013

Património Cultural em Imagem (XLVIII)


Veio lá de cima, de Santa Clara, o fontanário do século XVIII que havia sido desmantelado aquando dos trabalhos de restauro do Convento, sujeitos ao "vandalismo de empreiteiros broncos, que para aquela preciosa obra de arte tinham apenas uma grosseira educação de trolhas" (A Republica, de 31 de Março de 1928). Reconstruído na Praça de S. João (1932-1933), depois ladeado de painéis de azulejo, é memória em pedra do tempo em que, para ligação da Estrada Real ao Bairro Balnear, no prolongamento da Rua de S. João, se alargou a travessa (antiga Viela da Horta Grande) que dava para o Largo dos Artistas, deitando abaixo uma casa térrea da esquina onde apareceu o Café Nacional (1930). E não apareceu mais nada porque o arranjo urbanístico projetado, que passaria pela demolição das casas do quadrilátero que dali sobe até à Matriz, ficou para as calendas gregas.

domingo, 4 de agosto de 2013

Revista da Imprensa Antiga (13)

INTEGRIDADE CONCELHIA

Alguns jornais da Póvoa de Varzim aproveitam o ensejo da apresentação d'um projecto de lei que anexa ao concelho do Porto várias freguesias do antigo concelho de Matosinhos, para falarem na conveniência de se anexarem agora ao concelho vizinho o lugar da Poça da Barca e as freguesias aquém do Ave. Há poucos anos, quis fazer-se essa anexação à má-cara, e anunciou-se até para breve, com muitas prosápias e roncarias, que afinal se foram aquietando e sumindo, depois de várias peripécias interessantes que não esquecemos... Agora lembra-se uma anexação à boa-paz, por um entendimento, um ajuste, uma combinação, visto como seria fácil dar-nos, em troca do que perderíamos, a compensação de algumas freguesias novas. Muito à boa-paz também diremos que é melhor não pensar em tal, porque em negócios  d'essa natureza não entrará a gente de Vila do Conde, que não quer mais do que o que tem, mas que também não se resignará facilmente a ficar com menos do que aquilo que possui ou a trocar por terras novas as suas velhas freguesias...
Deixemos pois esquecida essa velha questão deplorável. Cada um em sua casa e cada um com o que tem.
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"A Republica", de 15 de Julho de 1917

Revista da Imprensa Antiga (12)

PROCISSÃO DO CORPUS CHRISTI

E a 3 de Junho, Vila do Conde festejou o Corpus Christi, aquela antiquíssima procissão que outrora revestia uma solenidade imponente, com o S. Jorge a cavalo e guarda de honra militar a darem mais imponência ao acto. Atrás iam os camaristas todos anchos, enfaixados, as autoridades com toda a garbosidade, os clubs, os condecorados... a gente grada da terra... os grandes senhores do burgo... e, por último, os empregados menores, como modestos e leais servidores... e, em vez da militança, lá tínhamos os bombeiros soldados  também, mas da paz a fazerem guarda de honra.
Antes que a procissão saísse, resolvemos dar uma vista d'olhos pelas ruas vistosas e artisticamente enfeitadas e tapetadas de flores.
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"O Correio do Ave", de 11 de Julho de 1915